segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Histórias que me custam contar

(Henrique Augusto Carvalho Soares)

Dia 09 de fevereiro de 1988, eu tomava posse no BB na cidade de Pedreiras MA. Fiquei um tanto assustado quando adentrei ä Agência e manifestar meu desejo de falar com o Gerente, Sr. Gonçalo Pereira Alves, fui quase advertido por um funcionário, Chagas, a questionar-me do que se tratava, porque se fosse pra tomar posse que eu falasse com um outro funci, Cavalcante, Mas eu insisti, uma vez que obedecia recomendações de meu Sogro, José de Ribamar Ribeiro Brandão (Chefe de Setor da Super Regional), para eu falar primeiramente com o Gerente, pois o mesmo me aguardava. Ufa, consegui, Na minha imaturidade cheguei a pensar que algo de muito importante eu carregava comigo, pois depois fiquei sabendo de que existia uma "Regra" que o Sr, Gonçalo não falava com PE. Ao me apresentar, ele soltou um largo sorriso e abrindo uma gaveta colocou em minhas mãos um molho de chave, dizendo: Essa é sua casa, fica na Vila dos Bancários e o que será descontado em sua folha é um valor irrisório. Puxa, fiquei muito feliz, Agora só alguns minutos separavam-me do meu objetivo maior: Assinar os papéis da CASSI, que iriam tirar o peso da preocupação de ver meu filhinho Tiago, nascer com toda assistência que tanto me preocupava não poder ofertá-lo. Dona Mônica, também tinha logrado êxito no Concurso para o BB, mas em face de estar grávida, não podia assumir ainda. Tudo se passava quase normalmente, quando comecei a ver ao meu redor uma certa divisão nos tratamentos. Um lado me babava todo, e o outro me olhava de canto de olho. E eu? - Fiquei um tanto desnorteado, perdido em meus valores de essência e adquiridos com meus Pais. A realidade cobrava-me atitudes de cumpridor de meu dever assumido e rebeldia imposta pela falange dos sufocados. Sem querer percebi que não me tornava colega de ninguém, mas amigo. Fui chefe substituto do Tesoureiro com poucos meses de Banco, e eu ria de tudo aquilo. Eu não me encontrava, não estava preparado. Ao invés de ficar inebriado de orgulho e agradecer aos Céus, eu me perguntava: O que é isso? - Comecei a desconfiar de mim, do meu super carisma, do meu gosto musical, do meu jeito espirituoso de ser. Até que em busca de respostas para aquela situação veio algumas certezas que perduram até hoje. Meu então sogro era Chefe de Setor Super Regional, meu tio, Elisabeto Carvalho Soares, Chefe, sei lá, da Compensação Nacional, meu Pai, José Anastácio Carvalho Soares, chefe no CESEC. PQP, a cúpula daquela agência queria que eu fosse alguma coisa urgentemente, e eu automaticamente, propositadamente não respondia aos comandos. Virei delegado sindical, resolvi não ser alvo de porcaria nenhuma. Entendi que não havia ali, nem quem me amasse e muito menos me odiasse. É verdade que o esforço era enorme pra não ver as bajulações e jogadas de ombros em minha direção. E, eu ia resistindo. Mas de alguma de alguma forma um ser 100% emocional como eu ainda se abalava, muito mais com quem o retaliava. O meu desempenho como Delegado Sindical foi o maior triunfo mara meus supostos opositores. Foi como se eles gritassem mudos: Seus babacas, babões, ele é um dos nossos. Fiquei feliz, confesso! Fui melhor na Vice Presidência Social da AABB, do que no guichê do Caixa. Tentei combater idéias esdrúxulas, mas senti que estava avançando sinais, estava misturando as coisas, certas coisas ou não me diziam respeito, ou eu nada poderia fazer para mudá-las, A babação ainda me incomodava. Fui mandado para prestar serviço no PAVAN de Joselândia (reforçar meu caixa). Eram eu e dois colegas, José Medeiros Sobrinho (Ainda na ativa) e o saudoso Bento Almeida Rocha. Mesmo em sendo só nós três, o ciúme ou sede de justiça por parte do meu colega Bentinho veio a tona, Então um dia ao cair da tarde tomando uma cerveja, ele me fitou os olhos e falou: Mago véio, eu sou Caixa a tantos anos e tu entrou ha pouco mais de um ano no Banco, porque então não sou eu o Caixa do PAVAN? Eu o fitei de volta, abasteci nossos copos e vi ali um homem indignado, enojado e triste, assim como eu. Era dia 06 de outubro de 1989, sexta feira, estávamos voltando para Pedreiras naquele Jipe que pulava mais que pipoca. Era uma estrada de chão duro e cheia de buracos. Por volta das 15.00h, sensações estranhas, desesperadoras, inomináveis começaram a tomar conta de mim. Lembro que em meio a um terrível choro compulsivo, questionava o Dedé, a dizer: Por favor Dedé, me diz o que estou sentindo? - Essa pergunta, eu já não faço a algum tempo, ela silencia diante de Ansiolíticos e Antidepressivos. Vem 1990, meu sogro é nomeado Gerente Geral da Agência Centro (S. Luís). Eu não entendi muito bem a festa feita em minha agência por aquilo. Acredite, fui dispensado do trabalho. Até uns tempos desses eu me questionava em risos o que era, o que é isso. As crises continuavam. Um dia recebendo a visita de Dona Luizinha, esposa do Gerente, Seu Zé Carlos, e em meio a mais uma crise ele adentrou a sala, virou para mim e disparou: "Henrique, vá até a Agência e diga ao seu Chefe que autorizei férias antecipadas para você. Você vai pra São Luís se tratar e quando ficar bom retorna". Eu, em meio àquele disparate, emendei: Férias antecipadas é o ca-------. Doença se trata com licença saúde. Peguei minhas coisas, um ônibus e rumei para a Capital. Fui até a Agência Centro, onde funcionava o CEASP/DEASP e falei com o Chefe Dr. Carlos de Jesus Dantas (Saudoso), que era conhecido por não gostar de conceder licença, mas comigo foi diferente, deu-me logo 90 dias e me matou mais um pouco. Retruquei: "Dr Carlos Dantas, não faça isso comigo, vou sentir muita falta de meu filho", Mas ele não titubeou e me desferiu outro golpe: "Esses 90 dias é só pra começar". Naquele momento parecia que eu era carta fora do baralho. Meus pedidos de ressarcimento eram arquivados lá em Pedreiras, minhas solicitações... Isso mesmo, ao invés de levar todas as minhas solicitações diretamente a CASSI, pensava que tal procedimento obrigatoriamente teria que passar pela Agência na qual eu era lotado. A 1000 exames investigativos me submeti, até chegar as mãos do Psiquiatra e dele ouvir o Diagnóstico: "Síndrome do Pânico". Ufa, agora já posso morrer "tranqüilo", pensei. Confesso que do início deste email chato até agora já tomei alguns cafezinhos e fumei alguns cigarros, é que tenho consciência do meu português ruim e da minha falta de vergonha. De posse da minha falta de vergonha, tento adivinhar as teclas do PC e continuar mais um pouco. Porém, afim de não se tornar cansativo, concluo esta primeira parte afirmando a minha primeira grande lição: O PODER TEM A CAPACIDADE NA MAIORIA DAS VEZES, DE RETIRAR DAS PESSOAS O QUE ELAS POSSAM TER DE MELHOR. AS PERSONALIDADES SE MULTIPLICAM NUMA COVARDIA QUASE QUE CONVICENTE AOS IMATUROS E CHEIOS DE BOA FË. Desculpa pelo email cansativo, até eu estou cansado. Mas ainda tem mais. Vem 1991. Meu sogro é nomeado Superintendente Regional.

Henrique A C Soares - matrícula 4.096.429-9
muito feliz